O Papel da Nutrição no Atendimento ao Paciente Renal

O setor de nutrição é reconhecido através de outros nutricionistas que procuram a Fundação Pró-Renal para conhecer o trabalho desenvolvido, principalmente através do livro (Nutrição e o Rim – Dr. Miguel C. Riella e Cristina Martins). “

Com uma equipe multiprofissional preparada, o serviço de nutrição acompanha os pacientes em todos os processos, desde o tratamento conservador, que é quando o rim é conservado para não entrar logo em diálise. Existe o acompanhamento na fase de diálise para que o paciente não entre nesse processo de maneira negativa, cuidando durante a diálise e após o transplante, promovendo o verdadeiro impacto na vida do paciente. Os 3 pilares do setor de nutrição se englobam no PEC (Pesquisa, Educação e Cuidado), onde nas pesquisas são levantados estudos. Na educação o objetivo é levar todo o conhecimento e prevenção aos pacientes, familiares e a população. O cuidado, tem como principal função o tratamento humanizado com o paciente. Dentro do serviço oferecido, a equipe trabalha com a  administração de palestras, aulas no serviço, contando com a liberdade e um leque abrangente que ultrapassa apenas os conhecimentos técnicos de nutrição. O impacto da nutrição, não está apenas ligado a liberação de um determinado suplemento, polivitamínico, pois isso não irá tirar de maneira isolada o paciente de uma desnutrição. O impacto envolve saber e conhecer a vida de cada paciente, sua condição social, o que ele tem para comer em casa, se o paciente entende e percebe as orientações, trabalhando em conjunto a parte cognitiva da psicologia, buscando saber se ele consegue colocar isso em prática.

Como é mostrado o impacto da nutrição?

Ao coletar em dados para realizar o levantamento em relação à esses números quantitativos, como por exemplo, estar oferecendo suplemento nutricional, visando saber se isso faz o paciente engordar mais, as vezes não é possível ser enumerado tais dados, pois o paciente apresenta uma melhora de maneira qualitativa, mostrando resultados no seu bem estar, mental, físico etc. O paciente na maioria dos casos oscila muito, pois em certos dias segue a dieta de suplementação e em outros não. Ao tentar validar isso em estudos de quais fatores influenciam o resultado do suplemento, não é possível ter total acesso ao consumo que o paciente faz de acréscimo na alimentação em casa ou se está seguindo a dieta corretamente em casa. São vieses que as vezes são possíveis levantar em dados como forma de impacto qualitativo de vida, porém todos os processos de forma técnica, humanizada e de cuidado, seguindo os 3 pilares do setor, são a forma de impacto que a nutrição trabalha com o paciente, visando atender não apenas uma dieta mas acolhendo todo o acompanhamento dos processos que o paciente faz.

Quais são os cuidados alimentares que um paciente renal deve ter?

Em relação a prevenção, a dieta e o acompanhamento serão direcionados e trabalhados em relação ao problema específico que cada paciente apresenta. Podemos pegar como exemplo pedra nos rins e cálculo renal, que irão trabalhar um tipo de dieta para não piorar as funções renais. Se o paciente apresentar algum problema no rim onde a maioria se dá pela hipertensão e diabetes, será realizado primeiro um trabalho com relação ao sal e açúcar para observar se o paciente não está perdendo proteína pela urina. Quanto mais proteína for perdida pela urina do paciente, mais rápido essa pessoa irá perder a função renal. A partir disso será feito um cálculo da porcentagem dos rins que ainda funcionam, em cima do peso do paciente, trabalhando um valor de proteína e restringindo a carne e derivados de origem animal da dieta do paciente, observando também, a idade do paciente, pois se for um idoso que está para entrar em diálise, deve ser observado o quanto essa restrição é necessária para que ele não entre no tratamento com desnutrição.

Existem outras estratégias também que são abordadas a parte, dependendo de cada paciente e sua necessidade. Existem também suplementos veganos que estão sendo usados para pacientes que não comem nada de origem animal. Então seguindo do princípio de que tudo que é derivado do animal faz mal para o paciente, o suplemento vegano pode suplementar o paciente para não desnutrir, não influenciando tão diretamente na função renal.


Melissa – Nutricionista da Fundação Pró-Renal

Como é o processo do paciente na diálise?

Quando o paciente entra na diálise, o cenário muda, pois se o paciente continua fazendo a função de urinar, a restrição da comida é menor, sendo assim positivo, ou seja, na diálise peritonial é um tipo de dieta e na hemodiálise é outra. De maneira geral, o cuidado deve ser voltado a alimentos que tem maior quantidade de potássio, como frutas e verduras. Artigos apontam que hoje, é necessário restringir menos a dieta e orientar para o modo de preparo e como cozinhar esses alimentos para ter maior perda de potássio. Já o fósforo trabalha com outro tipo de estratégia, onde se entra com um medicamento (quelante de fósforo), carbonato de cálcio e sivelamer, que é liberado pela secretaria da saúde. São medicamentos que ajudam a controlar o fósforo e é preciso entrar com uma restrição na dieta. Hoje existe uma evolução quanto a essa restrição alimentar, mas é preciso que tenha uma redução de alimentos industrializados, onde está localizado a maior quantidade de aditivos de fósforo. Aos pacientes, foi iniciado uma reeducação continua para indicar nos alimentos a quantidade de aditivos de fósforo existente em uma caixa de leite, impactando mais na saúde do paciente que deixar de fazer uma alimentação a base de arroz, feijão e carne.

A ingestão de líquidos ajudam ou atrapalham um paciente renal?

Em relação a questão de consumo de líquidos, principalmente a água, é um ponto de extrema importância devido ao paciente não urinar e consequentemente não tomar muita água. Teoricamente não tem para onde sair aquele líquido, então o líquido fica retido dentro do pulmão e irá encharcar fazendo o paciente não respirar. A máquina de diálise ajuda a remover esse excesso de líquido até certo ponto, mais que isso é perigoso, podendo fazer o paciente  passar mal, sentir câimbra ou infartar se tirar muito volume, por isso, o trabalho de controle da quantidade de sal e consumo de menos líquido é de extrema importância à ser seguido conforme as recomendações dos profissionais. É realizado um cálculo de acordo com a quantidade de urina que o paciente produz, para saber a quantidade ideal para o consumo de líquidos, sendo assim um trabalho individualizado.

A equipe de nutrição é formada por 5 profissionais:

Mayara (tratamento conservador); Sheila (dialise peritoneal); Carol (Clinica de Doenças renais); Mirian (Clínica do Cajuru e de Campo Largo – CAPD); Melissa (Clínica Evangélica).