Picadas de animais venenosos podem causar perda das funções dos rins
Abelha, aranha e escorpião são os principais insetos com risco de envenenamento e que podem deixar sequelas irreversíveis.
Em 2018, a cidade de Curitiba (PR) registrou mais de 1.600 atendimentos médicos causados por animais peçonhentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s). Na lista dos mais perigosos estão abelhas, taturanas, lagartas de mariposas (lonômia), cobras, aranhas e escorpiões. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, no último ano, cerca de 56% dos acidentes foram causados por aranhas. A capital não registrou nenhum caso de insuficiência renal, porém foram registrados 12 casos de oligúria e anúria — diminuição/ausência na produção de urina.
Estes animais aparecem com mais frequência nas estações mais quentes e nos dias chuvosos, já que saem das tocas em busca de abrigos secos, alimentos e reprodução. Por isso, é importante verificar roupas, toalhas, roupas de cama, cobertores e sapatos, evitando possíveis acidentes com estes bichos. “Esses animais são perigosos devido ao efeito que o veneno pode ocasionar no corpo após a picada, sendo letal se não for tratado a tempo”, explica Luciana Cardon, médica nefrologista da Fundação Pró-Renal.
De acordo com a médica, em caso de picadas, é necessário estar atento aos principais sintomas como dor, edema, febre, vômitos, vermelhidão, bolhas, equimoses (roxos) e, em casos mais graves, até por necrose, infecções, pressão baixa, sangue na urina, hemorragia intensa e amputação – quando não existe uma alternativa para o tratamento. “A perda da função renal é causada geralmente pela rabdomiólise induzida – degradação do tecido muscular que libera uma proteína prejudicial no sangue, induzida pelo veneno desses animais, que pode ocasionar uma lesão séria nos rins”, esclarece.
Luciana ressalta que não é em todos os casos que o paciente irá perder a função renal, apenas nos mais graves e que o tratamento demorou para ser iniciado, e os principais sintomas começam a aparecer em até 48 horas após a picada. Entre eles estão mudança na cor da urina (como fosse um chá forte) ou presença de sangue, redução do volume urinário ou não urinar. “Alguns casos de acidentes podem ser letais e dos que não são, a maioria apresenta recuperação da função renal, mas nem sempre se recupera totalmente, podendo permanecer com a doença renal com vários níveis de funcionamento renal”.
O que fazer em caso de picada?
O primeiro passo é ficar calmo e procurar assistência médica com máxima urgência. É importante manter a vítima em repouso e manter a hidratação. Caso consiga capturar o animal, pode ser levado em um pote, pois isso facilita a identificação da espécie e define melhor o tratamento.
Como é o tratamento?
O tratamento é feito com analgésicos, anti-inflamatórios, corticoides, antibióticos e/ou soro específico para cada tipo de picada. Caso o paciente tenha a função renal comprometida, é necessário iniciar o tratamento imediatamente com diálise.
Como prevenir?
Para prevenir a picada de insetos peçonhentos a principal regra é manter os ambientes, móveis e terrenos limpos. É importante também sacudir roupas e calçados antes de vesti-los e deixar os cômodos arejados. No caso de jardinagem, utilizar luvas e botas. Além disso, é importante vedar frestas, buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés.
Corujas, sapos, lagartixas e galinhas são predadores naturais e podem reduzir o número de insetos. A retirada de colmeias devem ser realizadas sempre por um profissional competente, preferencialmente no fim do dia, quando as abelhas estão mais calmas.
Sobre a Pró-Renal
Criada em 1984 por iniciativa do médico Dr. Miguel Carlos Riella, a Fundação Pró-Renal é uma entidade beneficente que assiste pacientes renais crônicos e pacientes em tratamento conservador. Atualmente, a entidade atende cerca de 15 mil pacientes por ano e desenvolve campanhas educativas nas empresas, escolas e comunidade para a prevenção das doenças renais. Também presta atendimento integral humanizado aos pacientes ambulatoriais, em diálise e em pré-transplante, fornecendo o apoio necessário para o aumento da sobrevida e melhora na qualidade de vida. www.pro-renal.org.br.
Dra. Luciana Cardon – Médica Nefrologista da Fundação Pró-Renal